🟢 Reencontro com a Alma: Tango Depois de 12 Anos
- André
- 11 de mar.
- 3 min de leitura
De volta à pista: a dança que o tempo não apagou e a alegria de pisar no ritmo novamente

Imagem/foto: arquivo pessoal
Buenas!
Ah, que sensação incrível! Depois de doze longos anos, lá estava eu novamente na aula de dança, sentindo a energia vibrante do tango me envolver. A poeira nos sapatos, antes tão familiar, agora parecia uma saudação calorosa, um lembrete do meu antigo amor por essa dança apaixonante.
Entrei na sala e o ambiente já me transportou para outro universo. Eram cerca de dez pessoas, dos 20 aos 70 anos de idade, uma pequena turma, mas com uma energia pulsante, ansiosa por se conectar com a música e com seus próprios corpos. Senti um misto de nervosismo e euforia. A memória dos passos, antes tão viva, parecia um pouco enferrujada, escondida em algum canto da minha mente. Mas a música, ah, a música! Assim que os primeiros acordes tocaram, uma faísca reacendeu dentro de mim. Era como se meu corpo lembrasse, mesmo que a mente ainda estivesse um pouco perdida. Mas só lembrasse mesmo, porque executar foi difícil.
O professor, com seu olhar atento, nos guiou pelos primeiros passos. Caminhada, passo ao lado, baldosa....a firmeza e a postura, pilares essenciais do tango, eram constantemente lembradas. Sentir o corpo ereto, a coluna alongada, o peso distribuído de forma consciente...era um reencontro com a disciplina e a elegância que a dança exige. Lembro-me da sensação de tentar encontrar a conexão com o meu par, a busca por uma sintonia que transcende a linguagem verbal. A comunicação através do abraço, a escuta atenta dos movimentos, a antecipação dos passos...tudo isso parecia um pouco distante, mas a essência estava lá, adormecida, pronta para ser despertada.

Imagem/foto: arquivo pessoal
Aos poucos, a memória muscular foi voltando, mas bem aos poucos 😁. Os giros, os ochos, os cruzados...os movimentos começaram a fluir com mais naturalidade, ainda que com a consciência de que a prática constante será fundamental para reacender a fluidez de antes. Estou bem enferrujado ainda. Mas senti a alegria de estar de volta, de sentir a música me invadir e me impulsionar. Aquele contato físico, a proximidade com o outro, a entrega ao ritmo...tudo isso estava ali, esperando para ser redescoberto e aprimorado.
A turma, muitos já experientes no ritmo, com sua dedicação e entusiasmo, também me contagiou. Ver os olhares concentrados, os sorrisos de satisfação a cada passo bem executado, a ajuda mútua, a troca de olhares cúmplices...tudo isso reforçava a sensação de pertencimento e a alegria de compartilhar essa paixão. No final da aula, senti uma leveza no corpo, uma sensação de bem-estar que só a dança pode proporcionar. A mente estava mais focada, o corpo mais consciente. A saudade do tango havia sido saciada, e a certeza de que essa jornada de volta será prazerosa e enriquecedora tomava conta de mim.
Doze anos se foram, mas a chama do tango em mim nunca se apagou completamente. E agora, com cada passo, com cada abraço, sinto essa chama reacender com ainda mais intensidade. É uma jornada de redescoberta, de aprendizado contínuo, e estou animado para ver onde essa paixão me levará novamente. A noite, a música, a turma...tudo conspirava para me lembrar o quanto eu amo essa dança que fala tão profundamente à alma. A firmeza na postura, a conexão com o par, a melodia que nos guia...tudo isso me faz sentir vivo e completo.
Imagem/foto: site youtube
O tango é a dança dos corpos entrelaçados. É um novo diálogo, a arte da sedução em movimento. O par de baile roça os pés em sensuais toques, como se existisse um romance entre os bailarinos. A primeira manifestação precursora do que seria o tango, foi a inclusão nos bailes, do casal abraçado e figuras coreográficas próprias dos bailes dos negros. Nos bailes dos negros, marcando a coreografia do candomblé. Em público, dançavam homens com homens. Naqueles tempos era considerada imprópria a dança entre homens e mulheres abraçados, sendo este um dos aspectos do tango que o manteve restrito aos bordéis, onde os homens utilizavam os passos que praticavam e criavam entre si nas horas de lazer mais familiar. O tango como é hoje conhecido era dançado nos bailes do submundo, que aconteciam na periferia e arredores de Buenos Aires. Esse ambiente fez com que o tango fosse uma música proibida. Não só pelos personagens e lugares onde era executado, mas também pela maneira como os pares dançavam, tão próximos, dando-lhe um caráter erótico e carnal difícil de se disfarçar. Como está escrito: "dançar tango é algo sério e profundo; quando se dança não se ri".
Que venham as próximas aulas, que venham os novos desafios e a alegria de dançar tango mais uma vez.
Hasta luego! 👫
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