🔵 Diálogos com a Saudade
- André
- 30 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de mar.
Reflexões sobre a vida e a morte

Imagem/foto: arquivo pessoal
Olá!
Em um dia de outono, o sol se despediu mais cedo, levando consigo as últimas cores do dia. Três dias antes do meu aniversário de 40 anos, num domingo após o almoço em família, meu pai se foi, deixando um vazio imenso em meu coração e em toda a família. A dor era profunda, a saudade apertava o peito e as lágrimas brotavam sem controle.
Três anos se passaram desde aquele dia. O tempo, como um rio que segue seu curso, levou consigo a dor mais aguda, mas a lembrança do meu pai permanece viva em minha memória. Chegou o momento da exumação, abril de 2022, um rito derradeiro que me confrontou com a fragilidade da vida e a brevidade da existência. Aquele dia, meu filho carregou os ossos do avô. A imagem me tocou profundamente, um misto de tristeza e resignação. Carregar meu pai em um saco de lixo, mesmo sabendo que ali estavam apenas os restos mortais, foi um momento difícil de superar, até hoje.
De uns tempos pra cá, decidi visitar cemitérios e acompanhar (respeitando o espaço dos desconhecidos presentes) alguns velórios sempre que possível. Encontrei uma forma de lidar com a dor e transformar o sofrimento em aprendizado, agora mais sistematizado dentro do projeto. É doloroso e triste, mas necessário. Observar a dor de pessoas anônimas, pais e mães chorando a perda de seus entes queridos, filhos se despedindo de seus pais, caixões com bebês de semanas até idosos de 90 anos, amigos e familiares reunidos em um momento de despedida, me faz refletir sobre a fragilidade da vida e a importância do amor e respeito por cada instante vivido.
Em meio às lágrimas, abraços e soluços, percebemos a fragilidade da existência e a necessidade de valorizar cada momento ao lado de quem amamos. O velório é um momento difícil, um portal que nos leva a refletir sobre o sentido da vida e a brevidade da nossa passagem por aqui.
Como disse Raul Seixas em sua música Canto Para Minha Morte: "Vou te encontrar vestida de cetim, pois em qualquer lugar esperas só por mim. E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo, mas tenho que encontrar. Vem, mas demore a chegar".
A morte faz parte do ciclo natural da vida, e o luto é um processo necessário para superar a perda e seguir em frente. Precisamos transformar a dor em força, a saudade em aprendizado e a fragilidade da vida em um convite para viver cada dia com mais intensidade e amor. A morte do meu pai me mostrou, ainda mais, a importância de valorizar os momentos ao lado de quem amamos e de construir um legado de amor e compaixão.
Imagem/foto: site youtube
"Eu sei que determinada rua que eu já passei, não tornará a ouvir o som dos meus passos...tem uma revista que eu guardo há muitos anos, e que nunca mais eu vou abrir...
...cada vez que eu me despeço de uma pessoa, pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez...
...a morte, surda, caminha ao meu lado, e eu não sei em que esquina ela vai me beijar" - Canto Para Minha Morte (Raul Seixas)
O projeto X365 é um movimento que convida à reflexão também sobre a vida e a morte, temas intrinsecamente ligados à experiência humana. O projeto não se limita a lamentar a morte, mas busca celebrar a vida em sua plenitude, incentivando a viver cada instante com intensidade, responsabilidade e amor ao próximo. A morte, progressiva e misteriosa, é abordada no X365 como parte integrante da jornada da vida. O projeto convida a encarar a finitude com naturalidade, sem negar a dor da perda, mas buscando transformar o luto em aprendizado e crescimento pessoal.
Os velórios e sepultamentos, momentos de dor e despedida, são vistos no X365 como oportunidades de reflexão sobre a fragilidade da vida e a importância de valorizar cada instante. Me disponho a estar presente nesses momentos, oferecendo apoio e solidariedade aos que sofrem, e celebrando a memória daqueles que se foram.
Em suma, este projeto é um convite para que juntos possamos refletir também sobre a vida e a morte, o amor e a perda, e a importância de viver cada instante com paixão e propósito, celebrando a vida em sua beleza, honrando a memória daqueles que amamos, que já se foram e que estão aqui, e construindo um futuro mais humano e compassivo.
Não escrevo sobre a morte, mas sobre a vida! E quero que você se inspire a viver cada segundo como se fosse o último, vivendo a vida com ardor, encontrando seu caminho e abraçando o mundo com carinho .
Até breve!
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